Taoismo e Tao Te King
Uma obra inspiradora que atravessa eras e séculos, o Tao-tö King apresenta os princípios do taoismo e é fiel ao pensamento de Lao-tseu, o "velho mestre".
Segundo a lenda, Lao-tseu, um arquivista da corte imperial, viveu entre 570 e 490 a.C. e se rebelou contra as muitas corrupções e abusos do governo, exilando-se de seu país.
Na fronteira, ele concordou com o pedido de um guarda para transcrever os fundamentos de seu pensamento para o benefício da humanidade. Foi assim que o mestre criou o tao-tö king, composto de versos e aforismos que expressam os princípios do Tao e da virtude.
O Tao, também conhecido como caminho ou via, é o fundamento essencial do taoismo. Universal, atemporal, indeterminado e ilimitado, "o nome que desejamos dar a ele não é seu nome próprio".
Ele é a unidade e a ordem fundamental de todas as coisas e "é para o universo o que os riachos e vales são para o rio e o mar".
O Tao é a origem dos seres e das coisas e é sua própria essência; é o universo em perpétua mudança, impermanente e sempre em movimento.
Composto pelas forças intrínsecas Yin e Yang e pelo sopro vital (Qi), presente em todos os elementos, ele representa o centro e a pureza original de tudo.
O Tao, como um círculo, é composto de céu e terra, com o homem e a natureza ligando os dois.
Ele representa a harmonia suprema, na qual os limites e as dualidades são excluídos.
Dessa forma, tudo o que faz parte do Tao é complementar: o bem e o mal são unificados, "o ser e o nada geram um ao outro, a voz e o som se harmonizam, e o antes e o depois seguem um ao outro";
eles não são opostos, mas inerentes um ao outro.
Não-ser
O não-ser (wu hsü) é um princípio fundamental do taoismo. Ele é análogo ao vazio, a fonte criativa de infinitas possibilidades. Dessa forma, "o Tao é como um recipiente que nunca é preenchido pelo uso".
O vazio está na origem de todas as coisas, que necessariamente precisam do vazio para serem criadas, porque "o ser vem do não-ser". A plenitude, por outro lado, é limitada e determinada; é adquirida e permanece superficial, enquanto o vazio representa o aspecto inato e original dos elementos.
O não-ser é, portanto, o indeterminado, uma prática que nos permite alcançar o centro de nós mesmos mais uma vez, sem o racionalismo e o conhecimento que distorcem nossas percepções, e nos aproxima do Dao, a própria fonte da vida.
"Tudo o que emana do Tao é monótono e insípido", portanto, o sábio aprecia a monotonia porque ela o coloca em contato com o indeterminado, desprovido de artifícios.
Assim, livres de nossos aspectos limitados e restritivos, retornamos ao nosso aspecto primário, "à flexibilidade de um bebê recém-nascido", a quem todas as potencialidades são oferecidas e a quem todas as possibilidades são emprestadas.
Para colocar em prática o princípio do não-ser, precisamos nos concentrar em nós mesmos e limpar nossos pensamentos, que são programados e influenciados por nossa consciência e nosso ambiente. Precisamos nos desapegar de tudo o que é material e supérfluo, porque "o santo tem o cuidado de não acumular; ao se dedicar aos outros, ele enriquece a si mesmo".
Devemos ouvir nossa intuição em vez de nosso pensamento racional, que é moldado e determinado. O homem sábio "negligencia seu eu (que é determinado) e seu eu é preservado".
Portanto, ele deve se desapegar de seu conhecimento, de seus medos e de seus desejos induzidos pelo ego, que podem distorcer suas percepções e afastá-lo do Tao. Portanto, o conhecimento é percebido de forma relativa, "pois saber não é saber".
"Aquele que se dedica ao estudo aumenta a cada dia, aquele que se dedica ao Tao diminui a cada dia".
Dessa forma, o conhecimento preenche o vazio dentro de nós e, da mesma forma, nos limita. O Tao, por meio do não-ser e da não-ação e da ausência de desejos, permite que alcancemos nossa plena grandeza diminuindo a plenitude que existe dentro de nós.
Não-ação
A não-ação (wu-wei) também é um elemento importante do pensamento de Lao-Tseu. A ação pressupõe uma vontade de agir, um objetivo e, portanto, é impedida por um pensamento determinado. Até mesmo a visão é distorcida e nos impede de ver a essência dos seres e das coisas, porque ela permanece limitada ao superficial; "assim, o grande homem se atém às profundezas e não à superfície".
A não-ação consiste na espontaneidade da ação, que não precisa ser antecipada ou refletida. Ao nos libertarmos de nosso intelecto, mostramos que estamos prontos para aceitar o que quer que se apresente sem antecipação. "O santo sabe sem viajar, entende sem olhar, realiza sem agir";
ele "não se compromete com nada grandioso e pode, assim, aperfeiçoar sua própria grandeza" ele permanece desinteressado e disponível para receber.
Ele tenta se tornar um com a natureza, sentir sua essência. Com base no exemplo da natureza, onde a ação se desenvolve espontaneamente, a ação deve ser autêntica e estar em harmonia com a intuição interior. A homeostase entre a ação humana e a natureza deve ser preservada e, ao praticar a "não-ação, tudo permanecerá em ordem".
O propósito do taoismo
O objetivo da prática de taichi, wu-hsü e wu-wei é alcançar a harmonia suprema agindo de acordo com o Caminho, para retornar à unidade original do Tao; "fundir todas as luzes (virtudes), unificar todas as poeiras (defeitos), essa é a identidade suprema".
A harmonia perfeita e o retorno ao Tao podem ser simbolizados pelas ressonâncias do universo que transcendem tudo o que há nele. No coração do Tao, essas ressonâncias são harmoniosas e fazem com que tudo no universo vibre em uníssono.
A ressonância total pode ser comparada a dois alaúdes, onde a corda de um vibraria com as do outro, produzindo um som indiferenciado que unifica a humanidade e a natureza.
Os oito imortais
Os oito imortais cruzam o mar
Em sentido horário, a partir da popa:
He Xiangu, Han Xiangzi, Lan Caihe, Li Tieguai, Lü Dongbin, Zhongli Quan, Cao Guojiu e (no burro) Zhang Guolao
Lü Dongbin e Zhongli Quan são geralmente considerados os líderes do grupo. Outro eremita taoista, Liu Hai (???) ou Liu Haichan (???), às vezes substitui Zhang Guolao em Jiangxi e Lan Caihe em Taiwan
1/ Cao Guojiu, tio de um imperador Song, retratado em roupas da corte e segurando uma placa de jade, o emblema de sua nobreza, ou um par de castanholas; ele é o protetor dos atores
2/Han Xiangzi, sobrinho do acadêmico Han Yu, representado com uma flauta, santo padroeiro dos músicos
3/He Xiangu, mostrado segurando uma flor de lótus.
4/Lan Caihe, um mendigo excêntrico vestido com uma túnica azul, usando apenas um sapato e carregando uma cesta de flores.
5/Lu Dongbin, alquimista taoista, mostrado com uma espada como se estivesse corrigindo erros.
6/Tieguai Li à la canne de fer (Li com uma bengala de ferro), um homem coxo que está frequentemente bêbado, representado com uma bengala e uma cabaça contendo álcool.
7/Zhang Guolao, mestre taoista, geralmente representado em um burro branco, com um yugu (instrumento musical de percussão); ele é o santo padroeiro dos pintores e calígrafos
8/Zhongli Quan ou Han Zhongli (???), general da dinastia Han; rechonchudo, ele tinha um leque que usava para reviver os mortos.